Catálogo

Este é um livro “para ser lido com o coração na mão e a alma em suspenso”. Assim Adelice da Silveira Barros define Avesso da vida, seu novo livro de contos, fortemente ancorado no mundo real e na crise que abala as estruturas sociais e familiares na atualidade. Com a derrocada dos valores tradicionais, os princípios que nos serviam de guia também ruíram.
Diante desse quadro, os 17 contos reunidos neste livro, em paralelo à qualidade literária que apresentam, funcionam na verdade como um alerta. Narrando histórias de jovens que se confrontam com o vício, a autora mostra como esses dramas começam e também como terminam – quase nunca com final feliz.
São histórias que desassossegam, que fazem pensar. Para o jovem leitor, um bom ponto de partida para uma reflexão sobre os rumos a tomar na sua vida.

LIVRO AVESSO DA VIDA, DE ADELICE DA SILVEIRA BARROS
CONTOS DE REFLEXÃO
(Rogério Borges)

Autora experiente, com títulos premiados e adotados em vestibulares como o da UFG, Adelice da Silveira Barros está sempre se impondo novos desafios na literatura que produz. Já são dez livros em que seu poder criativo se mostra em romances refinados, linguagem certeira com as crianças e o domínio da narrativa curta.
E é justamente no gênero conto que se deu sua última investida, o volume Avesso da Vida (Cânone Editorial), que ela autografa hoje, a partir das 19h30, no Estúdio Marcos Zapp, no 3º piso do Shopping Bougainville. “Neste livro eu tomei o tema da dependência química para abordar, falando de drogas lícitas e ilícitas”, diz. Tudo é ficcional, mas as histórias estão encharcadas de realidade. E uma realidade dura.
“Eu costumo dizer que não tenho filhos ou irmãos envolvidos diretamente com as drogas, mas isso só é válido quando nos referimos ao nosso núcleo familiar mais direto. Se pensarmos em termos de cidade, de País, de planeta, aí podemos sim considerar que temos muitos irmãos com esse terrível problema”, afirma.
Segundo ela, a preocupação com esta situação é algo que não poderia deixar de fazer parte de suas reflexões, dada a criação que teve. “Eu nasci e cresci em uma família em que o desperdício não era tolerado. Desperdício de nada. Não era permitido jogar fora comida, tempo, dinheiro e também a nossa própria vida. É isso que o dependente químico, em última instância, acaba fazendo. São pessoas que estão desperdiçando suas vidas.”
Adelice conta que quando começou a escrever Avesso da Vida, dois anos atrás, não tinha a intenção de produzir um volume sobre esse assunto. “Mas a escrita acabou me levando nessa direção. Passei a pesquisar a respeito e percebi que tinha de falar disso em minha literatura. Redigi 17 contos em que trato de situações muito comuns a quem tem que lidar com tal problema.”
Em sua avaliação, não chega a ser uma guinada em sua poética. “Tenho muitos livros que desvendam segredos da mente, que falam de problemas mentais. As drogas, frequentemente, estão relacionadas a esses distúrbios. Uma coisa pode levar a outra ou mesmo ser a causa. De certa forma, continuo num universo em que tenho atuado com minha literatura.”

CONTRIBUIÇÃO
Ela considera que a obra é uma pequena contribuição ao debate sobre o tema. “É um grão de areia, mas que faço questão de apresentar.” Ela gostaria que os contos pudessem ser lidos por adolescentes e jovens que compõem, em grande medida, a faixa etária mais vulnerável às tentações de tais vícios.
“Mas o livro traz algo não só para eles, como também para pais e educadores. Quem sabe não haja na obra algum tipo de ajuda.” Integrante da Rede Permanente pela Paz, que realiza trabalhos de educação e assistência, Adelice contou com o auxílio de uma associação que ajuda dependentes químicos, a Amor Exigente. “Eles me ajudaram muito na pesquisa.” Entre os outros livros de Adelice estão Comumbembe, Iana Sol e Sombra e Tijolo de Vidro.