Viagens e Versos

Telma R. Maia nos brinda agora com Viagens e Versos. No primeiro, faz uma bem sucedida experimentação com o estrato visual dos poemas, ao estilo do concretismo. Em Viagens e Versos, privilegia o jogo poético construído a partir da palavra, da littera. Brinca com seus significantes, em trocadilhos, rimas, ecos, aliterações, realizando um jogo de sonoridades de significativo valor estético, o que pode ser observado nos títulos de poemas, como “Seu céu”, “Luas tuas”, “Jeitos & gestos”, “Jazzmim” e outros mais.

Mas esse trabalho lúdico com a sonoridade vai além da mera fusão dos estratos sonoro e visual das palavras, fazendo alusão a outras artes e a outras culturas, misturando registros de linguagem e até idiomas. Nesse jogo poético, significado e significante adquirem, então, o mesmo peso. Telma rompe com o previsível, cria neologismos e paradoxos, transpõe regras de linguagem, produzindo artifícios poéticos que impactam o leitor pelo inesperado, e provocam-no a mergulhar nas entrelinhas do poema.

Essa provocação, trazida pelas sonoridades da poesia, pelos sentidos e sentimentos evocados, é enriquecida pela inspirada ilustração de Santiago Régis. Aos leitores, fica então o convite a percorrer as páginas de Viagens e Versos, apreciando o mundo poético criado pelos poemas e pelas imagens da ilustração.