Esse tÃtulo, algo singular e insólito, remete à s palavras querendo sair e formar alguma coisa que faça sentido. Alguma coisa quer ser parida resulta de um parto independente da vontade da autora, que, no seu desassossego, quer criar e não sabe bem o quê. Não sabe nominar o que teme chamar de poesia.
Independente da autora, e por isso escrito na voz passiva, já o tÃtulo remete a um útero de palavras, que querem sair e formar imagens, ou seja, formar a voz poética da autora: imagens que vêm da infância, imagens de acontecimentos corriqueiros do dia a dia. Essas imagens não vêm do sonho ligado ao sono noturno, mas do sonho acordado das lembranças, das memórias. E são elas que, passando pelo crivo poético da autora, resultam em palavras conversando entre si e fazendo sentido.
Desse modo, Alguma coisa quer ser parida é capaz de revelar uma potência criadora: é a expressão consciente/inconsciente de memórias vividas, sonhadas, imaginadas, que só podem se concretizar na poesia.